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Coronavírus no Brasil: Bolsonaro nega as evidências

Bolsonaro em coletiva sobre o COVID-19
Foto: Adriano Machado/Reuters

Os números sobem enquanto o discurso presidencial banaliza a pandemia global

O mês de março trouxe um salto preocupante do número de infectados pelo COVID-19 no Brasil. Na manhã desta terça, dia 31, já foram confirmados 4.667 casos e 166 mortes, segundo o Ministério da Saúde – e os números crescem a cada dia. Enquanto isso, Jair Bolsonaro age na contramão das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS): as palavras “gripezinha” e “histeria” são apenas indícios do quanto sua postura é incompatível com os fatos.

Mesmo o presidente dos Estados Unidos, Ronald Trump, recuou de seu costumeiro argumento imperialista, após a confirmação de 153 mil infectados e 2.800 mortes. Muito antes disso, líderes europeus determinaram o isolamento social radical.  Na Argentina, idem. Em terras brasileiras, Bolsonaro e empresários insistem em defender o fim da quarentena – tudo para, supostamente, salvarmos uma economia que já galopava ladeira abaixo muito antes do novo coronavírus nos assombrar.

Diante de todos os esforços do Sistema Único de Saúde (SUS) e de nossos profissionais, sabemos da inexistência de leitos suficientes caso o número de pacientes em estado grave aumente no Brasil. Também não é novidade que muitos enfermeiros e médicos estão trabalhando sem equipamentos de proteção adequados, além de muitas unidades de saúde não possuírem respiradores e máquinas para tomografia.

Desconsiderando todos os fatores e a velocidade de disseminação do vírus, no último pronunciamento, dia 24, o presidente pediu a volta à “normalidade” e o fim do “confinamento em massa”, responsabilizando a imprensa por espalhar medo. Não estamos tratando aqui de uma dificuldade de expressão, mas de como esta postura declara um conflito de interesses diante da possibilidade da morte de milhares de pessoas – afinal, a quem este discurso serve e a quem pretende sacrificar?

Manifestações diversas surgiram na web diante de tais declarações. Gilmar Mendes, ministro do STF, afirmou que “As agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez”. Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, foi mais enfático: “Entre a ignorância e a ciência, não hesite. Não quebre a quarentena por conta deste que será reconhecido como um dos pronunciamentos políticos mais desonestos da história”.

Alessandro Molon (PSB-RJ), deputado federal, resumiu bem a frustração de um povo sem respostas: “Quando a população esperava um plano de ação robusto, Bolsonaro mostrou que se desconectou de vez da realidade. Em pronunciamento que atingiu o ápice da irresponsabilidade, negou a gravidade do novo coronavírus, insistiu que se trata de uma ‘gripezinha’ e convocou as pessoas a voltarem às ruas. Segue na contramão de líderes mundiais que prezam pela sua população. É um crime contra a vida do povo brasileiro”.

Texto de Ana Prado

Fontes:

Brasil tem 159 mortes e 4.579 casos confirmados de coronavírus, diz ministério. Por G1. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/30/brasil-tem-159-mortes-e-4579-casos-confirmados-de-coronavirus-diz-ministerio.ghtml>

Escassez no SUS: profissionais da saúde relatam batalha contra coronavírus. Por Marina Amaral et al. Disponível em< https://exame.abril.com.br/brasil/escassez-no-sus-profissionais-da-saude-relatam-batalha-contra-coronavirus/>

Ao desdenhar da gravidade do coronavírus, Jair Bolsonaro se isola do mundo. Por Augusto Fernandes. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/03/29/interna_politica,840976/ao-desdenhar-da-gravidade-do-coronavirus-jair-bolsonaro-se-isola-do-m.shtml>.

“O presidente sou eu!”: Bolsonaro declara guerra ao Brasil e ao mundo. Por Ricardo Kotscho. Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/colunas/balaio-do-kotscho/2020/03/27/o-presidente-sou-eu-bolsonaro-declara-guerra-ao-brasil-e-ao-mundo.htm?fbclid=IwAR0kVPCOB-PZDKOVHdVgPYQhU_7Rp684XPQc9HPP6QJwwObdhttps://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/28/brasil-tem-111-mortes-e-3904-casos-confirmados-de-coronavirus-diz-ministerio.ghtml>

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