Se Marielle estivesse com a gente, completaria 40 anos! Hoje celebramos sua vida e sua memória, uma mulher tão grande como ela tem uma existência que transcende o plano físico. Somos todas Marielles, somos sementes da sua militância e da sua luta!!! Seguimos o seu exemplo de garra, de coragem e de determinação!!! As heroínas nunca morrem, viram estrelas e nos guiam!!!

Marielle: presente e plural

Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco, era mulher, negra, mãe, socióloga. Em 2016, foi eleita como quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro. No dia 14 de março de 2018, foi executada, junto do motorista Anderson Pedro Mathias Gomes, depois de seu carro ser alvejado por, ao menos, 10 tiros.

Marielle acreditava que a política era um caminho para minimizar os efeitos da desigualdade social. E, lutar por igualdade não é possível sem fiscalizar as irregularidades. Marielle defendia os pobres, as mulheres, os negros, os LGBTs – grupos que sofrem com a violação dos direitos humanos. Também dava a devida importância à pauta da violência nas favelas, questionando o modelo das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Quando assessora da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia, prestou também auxílio aos familiares de policiais vítimas da violência. Para ela, reivindicar uma sociedade igualitária era condizente com a ideia de pluralidade e respeito ao próximo.

A Declaração dos Defensores dos Direitos Humanos, publicada pela ONU, em 1998, defende que militantes devem ser protegidos pelo Estado. Triste constatação de que estamos em uma sociedade onde defender direitos e fiscalizar gera impunidade. A luta por direitos e melhorias sociais tem sido constantemente condenada à morte. Segundo a ONG Fronts Line Defenders, em 2017, 60 ativistas brasileiros foram assassinados, sendo que 300 era o número total no mundo.

Marielle não chamou atenção somente para as ligações das milícias com as estruturas de poder do Rio de Janeiro. Mas também, para o quanto é difícil sonhar com um país justo quando são as injustiças que perpetuam a existência de uma elite econômica (e política) que detêm os meios para manter tudo como sempre foi. E pior, que não mede esforços para isso. A pergunta que é repetida – Quem mandou matar Marielle? – faz a sociedade finalmente entender que está no meio de uma trincheira e que as vítimas somos todos nós.

Por Ana do Prado

Fontes:

Marielle Franco https://www.mariellefranco.com.br/quem-e-marielle-franco-vereadora

Por que o assassinato de Marielle Franco importa? (por César Muñoz/ O Globo) https://www.hrw.org/pt/news/2018/12/09/325062

Declaração dos Defensores de Direitos Humanos – ONU http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/protecao_testemunha/declaracao-dos-defensores-de-direitos-humanos-onu-dez-1998/view