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#ONDEDÓI – um diagnóstico do abuso sexual e moral em consultas médicas

“Não vão mais silenciar nosso grito por respeito aos nossos direitos e nossa dignidade. Como pode ser tão comum profissionais da saúde, que deveriam ouvir e ajudar com nossas dores, causarem mais dor violando nossos corpos?”

Nos últimos anos, os relatos de abuso sexual e moral em consultas médicas têm recebido maior atenção da população e da mídia. Mesmo assim, não podemos afirmar que as vítimas têm recebido suporte suficiente para identificação e registro destes episódios. A plataforma #ondedoi é uma iniciativa – sem fins lucrativos – que busca preencher esta lacuna, trazendo orientações e coletando dados.

Além de mapear as ocorrências de violência sexual cometidas por profissionais da área da saúde (médicos, enfermeiros, entre outros), o site disponibiliza um formulário para que as vítimas realizem seus registros. E, por meio da aba Preciso de Ajuda, a plataforma sugere organizações que oferecem Ajuda Emocional, Orientação Jurídica ou Ajuda Urgente. Também é possível acessar uma cartilha ilustrada com esclarecimentos a respeito das diversas manifestações de abuso sexual e moral na relação médico e paciente.

O portal Catraca Livre fez um levantamento on-line com 700 leitoras de todo país – cidades como Fortaleza (CE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Londrina (PR), Joinville (SC) e Pelotas (RS) – a respeito de abusos cometidos em consultas ginecológicas, tendo como referência o ano de 2016. Mais da metade das entrevistadas – 374 mulheres – relataram ter sofrido abuso sexual. Nisto estão inseridas condutas relacionadas a cantadas, frases com conotação sexual e estupro. As participantes também mencionaram agressividade e situações de constrangimento e humilhação – o que é enquadrado como abuso moral. Neste caso, mesmo não havendo investida sexual, há elementos que afetam a vítima, causando transtornos como a depressão.

Um fator que chama a atenção, ainda conforme o levantamento do Catraca Livre, é que apenas 4% das mulheres denunciaram os crimes. Muitas vezes, a vítima de abusos neste contexto não tem clareza a respeito de seus direitos – o que gera o medo, a culpa e o silêncio. Por isto, iniciativas como a #ondedoi precisam ser promovidas como forma de conscientização. Conheça a plataforma da Campanha Onde Dói.

Texto por Ana Prado

Fontes e links:
Campanha Onde Dói: https://www.ondedoi.org/ . https://twitter.com/CampanhaOndeDoi/media
Fui assediada no ginecologista. Texto de Fernanda Miranda e Heloisa Aun. Catraca Livre/Especiais. Disponível em: https://catracalivre.com.br/especiais/abuso-ginecologista/.

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