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Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra

Julho das pretas: Não é folclore é data de luta. Defender a cultura e a existência de um povo é um ato político !

Especial "Nós, Mujeres" / Arte: José Bruno Lima
Especial “Nós, Mujeres” / Arte: José Bruno Lima

O sangue que sustenta e edifica a base onde está a pirâmide da sociedade brasileira, tem cor e para entender a necessidade de travar uma luta antirracista em pleno século XXI voltemos alguns séculos, abarcados na história do Brasil onde estruturam-se muitos contextos sócio – culturais que através do tempo delinearam e subjugaram os papéis das pessoas não brancas e determinaram a evolução da sociedade. Tempo esse onde as barbáries e assassinatos eram justificados pela hierarquização de raças reforçadas por teorias infundadas que somente os brancos apresentavam capacidade intelectual. Restando as pessoas não brancas trabalhos braçais. Já nos dias de hoje existem poucas diferenças, os trabalhadores que movem a engrenagem em sua maioria são negros gênero feminino, moram em favelas e tem pouca escolaridade. Reflexos de três séculos de escravidão … Mas sabemos que algumas correntes ainda insistem em dizer que nos os negros somos exagerados e não nos esforçamos para termos conquistas.

Lei 12987/2014 dia de Tereza de Benguela, dia da Mulher Negra latino-americana e caribenha. Relembrando que Tereza foi mais uma mulher preta que ousou. OUSOU dizer não e tornou-se a líder do Quilombo Quaritere, liderou com a força de uma Daomé sob a justiça do machado de Xangô. Não eximiu-se de salvar seu povo perdeu sua vida para salvar outras… E nós Terezas ainda hoje, marginalizadas e excluídas, ousamos resistir e não aceitar sermos subalternas na história de nossas vidas. Porque nos perseguem e nos matam ???

Escrever com o olhar do feminismo negro, contar nossa lutas enaltecer nossas estratégias, saldar nossas Yabàs é uma honra, compartilhar nossas tristezas e inseguranças não é motivo de medo nem de fraqueza, o desafio real não é escrever para convencer os leitores. O desafio de escrever, não à necessidade e a importância que as pessoas entendam e conheçam as histórias e lutas negras, o grande desafio de escrever é explicar a mim mesma que conhecer nossa história e preservar nossa ancestralidade é transformar sentimentos em luta por igualdade sem perder a essência pelo caminho, é possível.

Não precisamos de atos excêntricos de políticos que não legislam pela constituição, não precisamos de sanções/emendas que evidenciem e aumentem a exclusão. Para o momento político que vivemos não precisamos ser massa de manobra, não devemos ser separados por classes nem por direita/esquerda, não precisamos ser intolerantes com as crenças alheiras, devemos enfrentar o nosso algoz de cabeça erguida. Neste momento não precisamos de pessoas que falem por nós que nos representem, neste momento nós precisamos nos levantar e falarmos por nós mesmos. E nem o medo dos que tentam calar nossas vozes será suficiente. Estamos nas ruas e em outros espaços de privilégio, estamos nos empoderando e buscando conquistar o lugar que merecemos. Porque nós não somos descendentes de escravos, somos um povo que foi acorrentado e escravizado!

Nossos passos vem de longe
Por Liliane Santos,
Pedagoga
Ativista Social

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